Finalmente chegamos ao terceiro elemento da CNV. Aqui nos conectamos com a raiz dos nossos sentimentos: as necessidades.
Uma das mensagens mais importantes aqui é perceber que as ações de outras pessoas podem funcionar com um estímulo para aquilo que sentimos, mas nunca poderm ser vistas como a causa.
De fato, os nossos sentimentos manifestados são um resultado de como escolhemos receber o que as pessoas nos dizem e fazem assim como as expectativas que projetamos nos outros. Sendo assim, vamos analisar quatro possíveis respostas para quando alguém nos diz algo que não gostamos.
1. Culpar a nós mesmos
O exemplo que Rosenberg dá aqui é o de uma situação hipotética onde uma pessoa está zangada e te diz algo como “Você é a pessoa mais arrogante que eu já conheci!”
Se escolhemos tomar isso como algo pessoal poderíamos reagir com ” Oh, eu deveria ter sido mais sensível!”.
Aceitamos o julgamento da pessoa e colocamos a culpa em nós mesmos. Esta opção vem com um custo elevado para a nossa auto estima pois vem carregada com idéias de vergonha e talvez até depressão.
Não significa que não devamos aceitar a nossa responsabilidade, mas não precisamos nos render aos julgamentos alheios da mesma forma que devemos buscar não propagar os mesmos.
2. Culpar os outros
Uma outra reação à mesma situação em que alguém te diz “Você é a pessoa mais arrogante que eu já conheci!” seria entrar no modo de combate e dizer “Você não tem o direito de dizer isso! Estou sempre levando as suas idéias em consideração. Você que é arrogante!”
Quando entramos neste modo é normal sentir raiva, rancor, ódio e mal humor.
3. Escutar nossos próprios sentimentos e necessidades
Uma outra opção seria conectar com a nossa própria essência e dizer algo como “Quando ouço você me dizer que sou arrogante, fico magoado porque preciso de algum reconhecimento sobre o meu esforço para levar as suas idéias em consideração”.
Quando nos conectamos com nossos sentimentos e necessidades tomamos a consciência de que a nossa mágoa se origina na necessidade de que os nossos esforços sejam reconhecidos.
4. Escutar os sentimentos e necessidades dos outros
Aqui nós poderíamos perguntar “Você está magoado porque precisa de mais consideração por suas idéias e preferências?”
Aceitamos a nossa responsabilidade dentro do processo de comunicação e tentamos entender as necessidades da pessoa ao invés de simplesmente focarmos nas nossas próprias necessidades.
Tornar-se responsável pelos seus sentimentos
Seguem aqui três exemplos que mostram alguns padrões de linguagem que encobrem a responsabilidade por aquilo que sentimos:
- O uso de expressões e pronomes impessoais como algo e isso: “Algo que realmente me enfurece é quando os erros de ortografia aparecem em nossos folhetos para o público. Isso me aborrece muito. “
- Afirmações que só mencionam as ações de outros: “Quando você não me liga em meu aniversário, fico magoado.” ou “Mamãe fica desapontada quando você não termina sua comida”.
- O uso da expressão “Sinto-me – uma emoção – porque…” seguida de uma pessoa ou pronome pessoal que não seja “eu”: “Sinto-me magoado porque você disse que não me amava” ou “Sinto-me zangado porque a supervisora não cumpriu a sua promessa”.
Em cada um desses exemplo, podemos conectar um sentimento às nossa necessidade e aprofundar a consciência da nossa responsabilidade acerca das nossas emoções. Basta substituirmos a frase original por “Sinto-me assim porque eu…”. Exemplos:
- “Sinto-me realmente enfurecido quando erros de ortografia como esse aparecem em nossos folhetos para o público porque quero que nossa companhia projete uam imagem profissional”.
- “Mamãe fica desapontada quando você não termina de comer, porque eu quero que você cresça forte e saudável”.
- “Sinto-me zangado porque a supervisora não cumpriu a sua promessa porque eu contava com aquele fim de semana prolongado para ir visitar o meu irmão”.